Exposição no MAMM celebra obra do artista belga e suas conexões com a Coleção Murilo Mendes
O Museu de Arte Murilo Mendes da Universidade Federal de Juiz de Fora (MAMM/UFJF) apresenta a exposição Universos insólitos, figuras fantásticas: James Ensor e a Coleção Murilo Mendes. Em cartaz na galeria Retratos-Relâmpago, a mostra evidencia a obra de James Ensor, artista belga de grande relevância para a história da arte moderna, e destaca seu diálogo com a Coleção Murilo Mendes. Único acervo público brasileiro com obras de Ensor, o MAMM, com esta exposição, celebra duas efemérides: os 75 anos da morte do artista, completados em novembro, e o centenário do surrealismo, movimento que permeia a coleção muriliana.
James Ensor (1860-1949) foi um artista que transgrediu as classificações estilísticas, transitando entre movimentos como o simbolismo, o surrealismo e o expressionismo, mas sem se fixar em nenhum deles. “Sua importância é capital para a cultura e uma das maiores expressões da arte moderna. É lembrado por um estilo próprio, imbuído por uma jocosidade e ironia, em obras que transbordam discussões cômicas da tradição belga e da própria condição do artista”, destacam Luisa Vianna e Martinho Costa Junior, curadores da mostra.
A mostra tem como ponto de partida as duas gravuras de Ensor que pertenceram ao poeta juiz-forano: Insetos singulares (1888) e Rei Peste (1895). “Essas gravuras foram postas ao lado das principais conexões da Coleção Murilo Mendes, tendo-as como referência e pilar, de modo a expandir o conhecimento do acervo do museu e buscar novos diálogos e conexões”, ressaltam os curadores.
As relações estabelecidas entre gravuras e a coleção do poeta foram baseadas em três eixos centrais: o simbolismo, o surrealismo e o expressionismo – mas não só. Segundo os curadores, na mostra, esses eixos não correspondem às escolas, mas às sensibilidades que se ligam a essas correntes, respeitando, assim, a própria compreensão da obra do artista. “A coleção muriliana foi pensada como uma galáxia, na qual as gravuras ensorianas estão fixadas ao centro, circundadas pelas demais obras que orbitam a exposição e estabelecem novas conexões com o artista belga”, explicam. Essa disposição permite ao público traçar novos diálogos entre as obras e ampliar seu entendimento sobre a intersecção entre arte e poesia, marcas da trajetória de Murilo Mendes.
Universos insólitos, figuras fantásticas: James Ensor e a Coleção Murilo Mendes reúne obras dos artistas James Ensor, Alberto Magnelli, Antonio Corpora, Athos Bulcão, Candido Portinari, Fayga Ostrower, Genaro Vidal, Giorgio de Chirico, Georges Rouault, Giulio Turcato, Hans Richter, Helio Seelinger, Joan Miró, Jorge Mateus de Lima, Lívio Abramo, Manabu Mabe, Marcelo Grassmann, Max Ernst, Octávio Araújo, Rafael Alberti, Regina da Silveira, Toti Scialoja e Zoltan Kemeny. Apresenta, também, livros de Murilo Mendes, Andrade Muricy, André Ridder, Mario Luzi, Roger Avermaete e Salvador Dali.