Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
Fotos digitais de satélites de geo-referenciamento, imagens que retratam o mesmo lugar em tempos diferentes e fotografias analógicas de campos de várzea são o foco das obras da mostra Contracampo, do artista Fernando Ancil, em exposição no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) no período de 14 de março a 4 de maio.
Composta por 30 peças, a exposição reúne três séries diferentes do artista: “Contracampo”, ”Geometrias Orgânicas” e “Anotações sobre espaço e tempo”. Em comum, os três recortes apresentam campos de futebol de várzea espalhados por Minas Gerais, no entanto, o esporte mais popular do país não é o mote dos trabalhos. De acordo com Ancil, “os recortes tratam das relações entre homem, espaço e tempo. Da ocupação pelo homem sobre o meio, da construção de um espaço de uso comum, demarcado por linhas e traves, ao uso novo imposto pelo crescimento urbano.”
Os recortes
Enquanto que em “Geometrias Orgânicas” o público pode ver uma coleção de fotografias aéreas que revelam o uso e a ocupação territorial no entorno de diversos campos de futebol amador, em “Anotações sobre espaço e tempo” é possível acompanhar as mudanças no cenário de um mesmo campo de futebol em épocas diferentes, através de programas de georeferenciamento.
Por sua vez, Contracampo permite observar os locais sob a perspectiva das traves que delimitam e enquadram o objeto captado pelas câmeras. Segundo Ancil, através dos diferentes pontos de vista, “o efeito obtido é de um panorama externo, um ‘extracampo’, que, em alguns casos, permite a análise do uso, da ocupação, e da construção de relações entre homem e natureza.
Processo Criativo
Embora não haja nenhum tipo de intervenção digital nas obras, o artista não deixou a tecnologia de lado na realização dos
trabalhos. Como parte do processo criativo, Ancil utilizou o Google Earth, ferramenta de imagens por satélite, para localizar os campos de várzea nas cidades que visitaria. Ao todo, o processo de “busca, apreensão e captação” durou quatro anos e, em alguns lugares, o artista chegou a passar 40 dias para encontrar a composição perfeita para fotografar.
“Essas imagens utilizadas como ferramenta de pesquisa (as de satélite) se revelaram potencialmente ‘prontas’ como fotografias a serem utilizadas. A visão de cima mostra coisas diferentes nos trabalhos. O ‘Geometrias orgânicas’ revela o formato das linhas desses campos e a topografia do terreno. Dessa escrita surge o “Anotações que destaca o aspecto dinâmico dos espaços. Colocamos duas imagens, de um mesmo campo, separadas por dez anos. Nesse caso o recorte espacial é mais amplo e denota o crescimento das habitações no entorno, e o “Contracampo” revela o espaço in loco ”, explica .
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Exposição “Contracampo” Período: de 14 de março a 4 de maio Local: Rua Benjamin Constant, 790 – Centro – Museu de Arte Murilo Mendes Visitação: de terça a sexta, das 9h às 18h. sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h Entrada Franca Outras informações: 3229-9070 |