Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
Talvez ainda seja importante repetir o óbvio em tempos em que muitas de nossas certezas se desvanecem e são desafiadas a cada instante. Penso que em um dia desses não serão necessários textos para justificar ou defender a arte na escola, a arte na educação e um ar limpo para respirarmos. Acredito (e sei que não estou sozinha) que as artes, ou tudo isso que nomeamos como arte neste tempo mutante, são imprescindíveis para continuarmos pensando, nos mantermos vivos e de cabeça erguida, diante da incongruência da vida humana.
Se entendemos a escola, essa invenção educacional moderna, como um espaço privilegiado de apresentar e expor o mundo às novas gerações, por que a arte não teria um lugar privilegiado nos modos com os quais aprende-se a pensar e viver?
Do mesmo modo, podemos indagar ao chamado (e, muitas vezes hermético e distante) “mundo das artes”: o que artistas aprendem com e a partir da escola? O que pode um artista na escola? Ou ainda, o que pode uma escola como potência para a arte e artistas?
O projeto Arte em Trânsito, desenvolvido pelo Colégio de Aplicação João XXIII, da Universidade Federal de Juiz de Fora, tem celebrado generosamente e de forma inspiradora, há oito anos, o encontro entre arte e educação, entre artistas e escola. Esse encontro potente, que transborda os corredores da escola, chega ao museu. Se acreditamos que, como Luís Camnitzer, o museu pode ser uma escola, o entendemos como um cenário a partir do qual os artistas aprendem a comunicar-se e a partir do qual compreendem a sua responsabilidade com o público ao qual se dirigem. Que essa exposição contamine e expanda mais ainda os trânsitos possíveis entre arte e escola, arte e educação, escola e artistas, museu e público e, especialmente, arte e a vida de cada um.
Luciana Gruppelli Loponte
Doutora em Educação, professora da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul