Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
O Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM/UFJF) realiza, nesta quinta-feira, 31 de agosto, às 19h, a mesa-redonda “Magliani: uma obra viva!”, evento que celebra o lançamento do catálogo da exposição “Magliani Gráfica”. A publicação traz textos sobre o trabalho da artista e imagens das obras em destaque na mostra, que fica em cartaz na galeria Convergência até 24 de setembro e já recebeu mais de duas mil visitas.
O evento contará com a participação de amigos da artista e pesquisadores, que abordarão aspectos diversos sobre a vida e a obra de Magliani. A mesa-redonda será divida em dois módulos: o primeiro abordará a personalidade da artista, o período que viveu em Minas Gerais, seu atelier e as relações cotidianas; já o segundo será focado na análise do percurso de sua obra. O catálogo será distribuído em seguida.
Participam do evento os artistas e amigos de Magliani, Julio Castro e Maria José Vargas Boaventura, a curadora Denise Mattar, o artista, crítico e professor Rubens Pileggi Sá e o artista e curador Osvaldo Carvalho e a pesquisadora Renata Zago, além do superintendente do MAMM/UFJF Aloisio Castro.
Confira a programação do evento:
Abertura: considerações sobre a exposição “Magliani Gráfica”
Aloisio Castro
O superintendente do MAMM/UFJF destacará aspectos significativos sobre a exposição e a elaboração do catálogo.
Aloisio Castro é Superintendente do MAMM/UFJF. Doutor em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Preservação do Patrimônio Cultural, atuando principalmente nos seguintes temas: preservação, conservação preventiva, restauração, acervos documentais e bibliográficos, obras de arte em suporte de papel, patrimônio, história, história cultural, memória e acervos institucionais.
Módulo 1: a personalidade da artista, o período mineiro, o atelier e as relações cotidianas
Julio Castro
A mostra “Maglini Gráfica”, no MAMM/UFJF, apresenta, em sua maioria, a fase final da produção da artista e é o ponto de partida para uma abordagem sobre seu universo. Suas últimas séries, “Procura-se” e “Cartas”, podem ser vistas como uma reflexão acerca de questões de origem e finitude. Criador do centro de referência da obra da artista, Julio faz um relato dos desafios e conquistas e de como manter e aperfeiçoar tal trabalho em tempos de internet e armazenamento de dados.
Julio Castro é artista visual formado em gravura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com passagem pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage e Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dedica-se à produção artística desde os anos de 1990. Individualmente, expôs no Rio de Janeiro, Pelotas, Porto Alegre, em Lisboa, no Centro Português de Serigrafia (2007), e em Bruxelas, no ARS 117 (2009), espaços em que fez residência como artista convidado. Em 2019, realiza residência no Otawara Cultural Center, no Japão. Coordena o Estudio Dezenove, espaço dedicado à arte contemporânea localizado em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, e, desde 2011, é professor na área de Imagem Gráfica na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2013, cria o Núcleo Magliani, centro de referência da obra da artista.
Maria José Vargas Boaventura
Encontro com Magliani: convivência e vivências com a pessoa, a artista e suas obras, desde Porto Alegre, em São Paulo e em Tiradentes, Minas Gerais. E em suas voltas a Minas, depois das mudanças para São Paulo e Rio.
Maria José Vargas Boaventura é desenhista, aquarelista, pintora e professora. Graduada em Desenho e Pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1976. Especialização em Litografia Avançada pela Fundação Armando Alvares Penteado. Participou de Salões de Arte, exposições coletivas e individuais, no Brasil e no exterior desde 1975. Lecionou no Curso de Licenciatura em Educação Artística da Universidade Federal do Rio Grande de 1977 a 1980. Residiu em São Paulo de 1980 a 1882, onde trabalhou também com artes gráficas e ilustração. Em Tiradentes-MG, em 1984, participou da fundação e projetos da Casa de Gravura Largo do Ó. Além da criação artística, dedica-se à ilustração e produção de literatura infanto-juvenil, artes gráficas, ao ensino de arte, à pesquisa e publicações de Educação Patrimonial e projetos culturais.
Módulo 2: análise do percurso da obra
Denise Mattar
Seu depoimento irá traçar o percurso curatorial trilhado para a realização da exposição retrospectiva de Magliani, apresentada na Fundação Iberê Camargo em 2022, incluindo a pesquisa documental e de acervos, ocupação do espaço expositivo e os critérios adotados para o catálogo. Será abordada também a inserção de Magliani na cena artística das décadas de 1970 e 1980, as razões do seu “esquecimento”, e as possibilidades para reinserção da artista no circuito de arte atual.
Denise Mattar é curadora. Foi Diretora Técnica do Museu da Casa Brasileira, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e Coordenadora de Artes Plásticas do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Como curadora independente realizou mostras retrospectivas de Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Prêmio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Yutaka Toyota (Prêmio APCA), Iberê Camargo (2020), Magliani (2022), entre outras.
Rubens Pileggi Sá
Em uma passagem do texto “Entre extremos”, escrito, em 2012, para a última exposição em vida de Magliani, Rubens escreveu que a artista “é sua gravura. Ela é sua pintura. Ela é ela. Atrás de tudo isso, a elaboração”. Onze anos depois desse texto, revisita o legado de Magliani, a partir de considerações de sua biografia e de sua obra, e nos faz compreender como, nela, tanto as pautas de marcação identitária, como a linguagem desenvolvida nas colagens, pinturas e gravuras são partes componentes do mesmo impulso de criação.
Rubens Pileggi Sá é artista, crítico, curador e professor universitário. Desenvolve suas pesquisas no campo da intervenção urbana, da instalação de arte e da produção de objetos escultóricos. Graduou-se em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina (2004), é mestre pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2010) e doutor pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (2016).
Osvaldo Carvalho
Retratos e autorretratos de Magliani
Maria Lídia, a Magliani, teve uma vida artística rica em contraste com uma vida financeira de privações. Nunca se queixou nem nunca deixou de criar. Sua força para continuar, mesmo ao sabor de tais reveses econômicos, estava ancorada em íntegra personalidade obstinada que têm aqueles escaldados com as agruras de uma existência permeada por enfrentamentos: artista, mulher, negra, pobre. Não há outra via senão a da resistência.
Em seus retratos e autorretratos temos um indício desse evento quando a imagem crava o olhar no espectador. Em silêncio questiona, mas não parece interessada em respostas (como seria característico da artista). Suas criações parecem vibrar, estremecer as retinas, indo buscar no íntimo de cada um a mais sutil verdade: nunca saberão quem realmente eu sou.
Osvaldo Carvalho é mestre em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Iniciou suas atividades, em 2000, com o Prêmio Interferências Urbanas. Desenvolveu seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e Oficina de Escultura do Museu do Ingá, em Niterói-RJ. Participou de diversas exposições coletivas e salões. Entre suas principais exposições individuais estão Falsa Simetria, Janaina Torres Galeria, SP (2023); Balada, Museu de Arte de Ribeirão Preto (2023) e Piccola Galleria – Casa FIAT de Cultura, Belo Horizonte, MG (2021); Terra Prometida, Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ (2018). Artista finalista na 7ª edição do Prêmio Marcantonio Vilaça, 2019. Premiado com a Bolsa para Desenvolvimento de Projeto no Prêmio Porto Seguro Brasil Fotografia, 2017.
Renata Zago
Convergências: a exposição “Magliani Gráfica” no MAMM/UFJF
Inaugurada no dia 15 de junho de 2023, na Galeria Convergência do Museu de Arte Murilo Mendes, a exposição “Magliani Gráfica”apresenta mais de 80 obras da artista, a partir das lentes dos curadores Julio Castro e Sergio Viveiros. A partir da análise da exposição, bem como de algumas obras, Renata apresenta entrecruzamentos que colaborem para a construção de um discurso capaz de evidenciar a importância da exposição, a trajetória e produção da artista e algumas relações estabelecidas por Maria Lídia Magliani, que contribuíram significativamente para a consolidação de discussões no mundo da arte no Brasil. Renata Zago é professora de História da Arte do Instituto de Artes e Design e do Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens (PPG-ACL) da Universidade Federal de Juiz de Fora. Atualmente é coordenadora do PPG-ACL. Desenvolve pesquisas em história da arte moderna e contemporânea, com ênfase no campo da história das exposições. Graduou-se em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (2004), instituição em que realizou seu mestrado (2007) e seu doutorado em Artes Visuais – História, Teoria e Crítica (2013). Foi bolsista de Pós-doutorado CAPES/PNPD no PPG-ACL (2014-2016).