Patrimônio é tema de reunião para elaboração do Plano Museológico
O Museu de Arte Murilo Mendes da Universidade Federal de Juiz de Fora (Mamm/UFJF) realizou sua segunda Reunião Técnica para elaboração do Plano Museológico 2023-2026. O encontro contou com a participação do pesquisador Rodrigo Christofoletti, professor do departamento de História da UFJF, membro do Laboratório de Patrimônios Culturais (LAPA) e integrante do Conselho Curador do Mamm. Foram abordados temas relacionados ao patrimônio como a repatriação de objetos históricos musealizados e o conceito de soft power.
Na conversa, Christofoletti repercutiu a entrevista que realizou, em conjunto com a também pesquisadora Maria Leonor Botelho (Universidade do Porto, Portugal), com a ex-diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, publicada no livro Internacional Relations and Heritage, de 2021.
Poder brando
O soft power, de acordo com o teórico Joseph S. Nye Jr., é “a habilidade de influenciar os outros a fazer o que você deseja pela atração em vez da coerção”.
Christofoletti explica que existem duas formas de observar a força: “há o chamado hard power – o poder duro – que é o poder econômico, militar, que impõe; e o poder da persuasão, do conhecimento, da cultura, que é conhecido como soft power ou poder brando”. De acordo com o professor, essa brandura do poder seria justamente a capacidade de influenciar por comportamentos o comportamento dos outros.
O poder do Museu
O pesquisador afirma que o Mamm/UFJF pode pensar seu acervo como um poder brando. “Como esse acervo foi constituído? Quem foi esse personagem Murilo Mendes? Como foram as suas relações com outros intelectuais de sua época? Essas correlações que propiciaram ter angariado, ao longo do tempo, esse grande acervo podem ser pensadas como um soft power”, pontua.
Assim, é necessário pensar de que forma o Museu poderá se utilizar desse poder para comunicá-lo ao seu público. “O Mamm/UFJF pode usar seu acervo como uma ferramenta para atingir um soft power, ou seja, fazendo com que as pessoas o conheçam mais, projetando a marca Murilo Mendes na cidade, na região e no país, mostrando que existe uma conexão entre essa proposição de museu que vocês têm e outros museus congêneres no Brasil”, destaca.
O superintendente do Mamm Aloisio Castro evidencia que a palestra de Christofoletti fomentou um rico debate acerca do pensamento preservacionista contemporâneo, sobretudo neste momento em que a equipe técnica do Museu está empenhada na construção do seu 4º Plano Museológico. “O conceito de soft power possibilita múltiplas reflexões concernentes à cadeia operatória museológica de preservação, pesquisa e difusão, bem como instiga a discussão quanto às relações do museu com a sociedade globalizada”, conclui.