Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM

POETA

“Às margens de um rio afluente, de águas pardas, o Paraibuna […]” (MENDES), numa casa situada à Rua Direita, número 4, em Juiz de Fora, Minas Gerais, a 13 de maio de 1901, nasce o poeta Murilo Monteiro Mendes. O menino que “queria descoroar imperadores” (MENDES) cedo percebeu seu acercamento com poesia, quando da passagem do Cometa de Halley, em 1910. Anos depois, em 1917, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, presenciou Nijinsky dançar, o que constitui seu segundo marco da deflagração poética, segundo o próprio Murilo. Aos 19 anos, inicia sua atuação literária escrevendo crônicas no diário independente juiz-forano A Tarde sob os pseudônimos MMM e De Medinacelli.

Transfere-se, em dezembro de 1920, para o Rio de Janeiro, tornando-se arquivista na Diretoria do Patrimônio Nacional do Ministério da Fazenda, onde conhece Ismael Nery. Na década de 1920, colabora com diversas revistas modernistas. Publica, em 1930, por iniciativa de seu pai, Onofre Mendes, o livro Poemas: 1925-1929, considerado por Mario de Andrade como “historicamente o mais importante livro do ano”, confirmação que se dá pela obtenção do Prêmio de Poesia da Fundação Graça Aranha. Ainda que considerado, no futuro, como pouco representativo no conjunto de sua obra, o poeta lança o livro de poemas-piada História do Brasil (1932). Em 1934, o falecimento de Ismael Nery, pintor, poeta e filósofo, amigo por quem Murilo nutre grande admiração, devolve-o ao catolicismo das suas origens. Com colaboração de Jorge de Lima, seu mais dileto amigo depois de Ismael Nery, publica Tempo e eternidade (1935), no qual fixa esteticamente o catolicismo. Outras publicações se sucederão: O sinal de Deus (1936), A poesia em pânico (1938), O visionário (1941), As metamorfoses (1944), Mundo enigma (1945) e Poesia liberdade (1947).

Realiza sua primeira viagem à Europa, em 1952, e inicia amizade com André Breton, René Char, Camus, Magritte e outros. Entre 1953 e 1956, o poeta ministra conferências em universidades na Bélgica e Holanda. Instala-se na Itália (1957), aos 56 anos de idade, contratado pelo Departamento Cultural do Itamaraty para ministrar aulas de Estudos Brasileiros na Universidade de Roma. Publica, em 1959, “Siciliana”, texto bilíngue traduzido por G. Ungaretti , e, em 1965, “Italianíssima: 7 murilogrammi”. O poeta retorna às suas origens no livro A idade do serrote, escrito entre 1965 e 1966, publicado em 1968. Recebe o Prêmio Internacional de Poesia Etna-Taormina, em 1972, e, neste mesmo ano, após 17 anos de ausência, retorna ao Brasil em visita. Por iniciativa do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo, sai a primeira série do livro Retratos-relâmpago (1973); a segunda série seria publicada no ano da morte do poeta.

Murilo Mendes veraneava em Portugal, na casa de seu sogro Jaime Cortesão, quando, em 13 de agosto de 1975, acometido por uma fulminante síncope cardíaca, falece em Lisboa, cidade descrita em seu livro Janelas verdes (1989) como “consabidamente bela”.